Recentemente, no dia 4 de dezembro, o portal UOL noticiou: “Estudo aponta que vacinas contra Covid-19 não causaram aumento da mortalidade”. A matéria, que tem origem na agência de notícias RFI (Radio France Internacional), inicia assim: “As vacinas contra a Covid-19 não causaram aumento da mortalidade na França desde a sua criação, no início de 2020. Foi o que mostrou um longo estudo divulgado na quinta-feira (4), que derruba todas as teorias anti-vacinação que vêm sendo difundidas em meios céticos ao longo dos últimos anos”.
Além de sair no UOL, a mesma notícia foi publicada no portal MSN e no Portal Terra, massificando o discurso. Nas redes sociais, influencers com milhares de seguidores compartilharam a notícia.
O contexto
Depois da aplicação em massa das vacinas, um excesso de mortalidade populacional em países com grande cobertura das vacinas foi registrado. Na Lancet, o periódico científico de maior impacto do mundo, fizeram uma análise dos dados do Reino Unido: excesso de 7,2% em 2022 e de 8,6% em 2023. O destaque foram doenças cardiovasculares. A comparação foi com 5 anos anteriores. Segundo esses dados, houve um forte aumento de 22% de mortes em casa, ou seja, mortes súbitas.
As empresas de seguro de vida dos EUA também constataram a mesma coisa: mais mortes de pessoas novas desde 2021.
Contexto no Brasil
No Brasil, segundo dados oficiais do SUS, ocorreu um forte aumento de internações por infarto em pessoas jovens, de até 50 anos, bem além da linha de tendência. O aumento foi em todo o país. (Instruções de como conferir esses dados diretamente do SUS)

Como a mídia vinha tratando?
Como o excesso de mortes, principalmente em mais jovens, passou a ser perceptível pela população, a mídia, tanto no Brasil, como no exterior, vinha tratando o assunto como um mistério, como o The Times, do Reino Unido, que publicou, em meados de 2021 a seguinte manchete: “Aumento misterioso de ataques cardíacos causados por artérias obstruídas”.
São diversas manchetes semelhantes, como a da New Scientist, em setembro de 2022: “Há milhares de mortes a mais do que o normal no Reino Unido e não sabemos porquê”.
No Brasil, recentemente, o Fantástico noticiou: “O que é o ‘mal súbito’, uma das principais causas de acidentes de trânsito no Brasil?”
O jornal Correio, da Bahia, em junho de 2025, publicou a seguinte manchete: “Pandemia de mal súbito? Saiba por que as pessoas estão morrendo repentinamente”. O jornal confirma a sensação trazida, confirmada pelos dados do SUS publicados aqui, nesta checagem: “Cada vez mais casos de mortes repentinas têm vindo à tona e despertado a sensação de que se tem morrido mais por mal súbito. Essa percepção, no entanto, não é isolada”.
Diversas manchetes no Brasil seguem no mesmo sentido, como a publicada, agora, dia 3 de dezembro, no G1. “Mortes súbitas e arritmias crescem em Campinas e região”. Região registrou 200 óbitos em 8 meses, em 2025; atendimentos por arritmias cresceram 31% e chegaram ao total de 1.893”, informam.
Recentemente, o The Telegraph, da Inglaterra, noticiou que o governo não está deixando cientistas trabalharem nos dados brutos. “Government ‘withholding data that may link Covid jab to excess deaths’”. (Governo ‘está retendo dados que podem ligar vacina contra Covid ao excesso de mortes’). A desculpa governamental para esconder os dados foi que era para “evitar angústia ou raiva”.
Outras doenças
Além das mortes súbitas e problemas cardiovasculares, outras doenças têm sido abordadas em estudos. O MPV tem, consistentemente, noticiado os resultados de estudos que fazem uma comparação direta entre vacinados e não vacinados. Aqui vão alguns exemplos:
Vacinas COVID elevam em até 69% o risco de câncer, aponta estudo com 8,4 milhões de pessoas
Vacinas da COVID-19 associadas a 54% mais chance de câncer de mama, conclui estudo italiano
Vacinação contra COVID aumenta o risco de doenças autoimunes em 23%, conclui estudo
Vacinação contra COVID aumenta em 22,5% incidência de Alzheimer, revela estudo
O estudo francês
O estudo que embasou a matéria do UOL, Terra, MSN e outros lugares do mundo, envolveu 22.7 milhões de pessoas e foi publicado no periódico JAMA: “COVID-19 mRNA Vaccination and 4-Year All-Cause Mortality Among Adults Aged 18 to 59 Years in France | Public Health | JAMA Network Open”.
Teste de sanidade
Quando um estudo fazendo fortes alegações, principalmente contradizendo diversos outros estudos, a comunidade científica rapidamente inicia uma análise apurada. O estudo francês compara vacinados e não vacinados no quesito morte geral.
No meio científico, o nome da busca por dados inexplicáveis ou completamente discrepantes é “teste de sanidade”.
Isso é um PRINT da tabela 2 do estudo:

As vacinas COVID, em teoria, foram feitas para reduzir as mortes por COVID, entretanto, na tabela 2, o estudo conclui, afirmando que é de modo estatisticamente significativo, que vacinados tiveram menos chance de morrer por diversas causas além de Covid, incluindo acidentes no trânsito, afogamentos, etc:
Ou seja, segundo esse estudo, se você for vacinado COVID:
- Você vai se tornar um motorista ou passageiro melhor → 26% menos risco de morrer
- Vai ser menos atropelado por caminhão enquanto anda a pé → 26% menos risco de morrer
- Vai se tornar um melhor ciclista ou motociclista → 26% menos risco de morrer
- Vai se tornar um passageiro mais seguro em trens, ônibus e táxis → 26% menos risco de morrer
- Vai se tornar um melhor operador de veículos de construção → 26% menos risco de morrer
- Vai se tornar um melhor operador de barcos → 26% menos risco de morrer
- Vai voar em aviões melhores → 26% menos risco de morrer
- Vai cair menos no gelo e na neve → 20% menos risco de morrer
- Vai cair do prédio menos vezes → 20% menos risco de morrer
- Vai se tornar um melhor nadador → 27% menos risco de morrer
- Vai ser menos mordido por cobras, cachorros, ratos e jacarés → 20% menos risco de morrer
- Vai se tornar impermeável a fumaça, calor, radiação, fogo e eletricidade → 20% menos risco de morrer
- Vai se tornar imune a veneno de aranhas e cobras → 20% menos risco de morrer
- Vai se tornar invulnerável a vulcões, avalanches e deslizamentos → 20% menos risco de morrer
- Vai ser esfaqueado e baleado menos vezes → 22% menos risco de morrer
- Vai ser estrangulado ou sufocado menos vezes → 22% menos risco de morrer
- Vai morrer menos em guerra e ficar impermeável em combate → 22% menos risco de morrer
Reação da classe científica
“Estou convencido. Vou tomar a vacina contra a Covid-19 e me mudar para a França!”, ironizou um cientista de dados norteamericano.
“Eles realmente acham que a maioria das pessoas é completamente retardada. Eles têm razão”, respondeu um usuário.
Além disso, há críticas pelos dados não serem públicos com a desculpa que são restritos devido às leis de privacidade. “Que desculpa esfarrapada, como se os dados não pudessem ser anonimizados”, reclamou o virologista belga Marc G. Wathelet, doutor em biologia molecular.
“Ninguém se deixa enganar, sabe? A maioria das pessoas perdeu toda a confiança em qualquer coisa vinda do governo por causa das mentiras constantes, a menos que possam verificar por si mesmas”, complementou.
Conclusão
Excesso de mortalidade por diversas doenças está ocorrendo nos países mais vacinados. São números, estatísticas da área de saúde. Dados factuais. Este “estudo” tem metodologia claramente enviesada para chegar à conclusão desejada. É bastante claro, inclusive para leigos e pessoas não acostumadas à analisar estudos científicos, que o objetivo do “estudo” foi confundir a massa de leitores despreparados e descartar, definitivamente, a responsabilidade das vacinas COVID nisso. Mas ele não passou no teste de sanidade.
Houve algum erro ou ajuste estatístico incorreto a ponto de todos os vacinados terem chance menor de morrer. Ao manipular artificialmente ou de modo errado os dados sobre vacinas, obtêm-se esses resultados estatisticamente bizarros.
Em resumo: quando um estudo mostra que a vacina reduz em 26% a chance de morrer atropelado, afogado ou mordido por jacaré, e ainda esconde os dados brutos sob a desculpa de “privacidade”, ele não passou no teste de sanidade. É só uma narrativa. O resto é detalhe.
